Chegou a estudar Farmácia, mas o interesse pela gastronomia acabou por falar mais alto, consequência natural de ter nascido e crescido numa família de cozinheiros – o pai lidera o Bellas Café, em Belas, e os avós já tomaram conta do restaurante A Cascata, em Sintra. “As minhas raízes são todas ligadas à cozinha”, explica Tiago Silva, que chef do Viseversa. O restaurante de Belém, concebido ao estilo de um Grand Café e que inicialmente tinha uma clara inspiração na cozinha francesa, tem agora um novo menu ao jantar totalmente inspirado em clássicos da gastronomia portuguesa.
Uma “viragem de foco”, como explica o chef sintrense, “que traz as raízes portuguesas” até ao luminoso restaurante térreo do hotel Hyatt Regency, com “influências de norte a sul” e alimentada com “produtos e pequenos produtores que não tenham grande exposição no mercado”. “A nossa carta era mais internacional e agora está mais portuguesa”, conta Tiago, que no seu percurso já passou por casas afamadas de Lisboa como o 100 Maneiras, o Cura, o Varanda e o Seia.
O arroz de polvo do chef Tiago Silva. (Fotografias: Hayley Kelsing Photography)
No novo menu “Bistrô Português”, onde se conjugam pratos pensados para partilhar e outros individuais, cabem o pica-pau do lombo de novilho (19€), matéria-prima que também se aproveita, numa lógica de redução de desperdício, no novo tártaro de novilho com queijo e horseradish (20€). As tradicionais gambas à guilho e as ostras com vinagrete são outros reforços nos petiscos, assim como o robalo curado sob escabeche, com salada de funcho e lima a trazer frescura (14€).
Nos arrozes, as novidades sabem a verão, com o arroz de polvo (27€), mas também ganham maior aconchego, com o arroz cremoso de cogumelos e trufa (18€) ou com o arroz de forno que acompanha a barriga de leitão a baixa temperatura, bem temperado de pimenta preta (32€). A açorda de camarão, a garoupa em molho de caldeirada e o jarré de borrego em cama de pão, cebolada e batata – inspirada no ensopado de borrego – são outros dos pratos deste novo menu português.
O jarré de borrego com cama de batata, cebolada e pão.
Outros destaques são as tábuas de queijos nacionais, o presunto de porco preto e claro, os doces. No capítulo final, há para provar tarte de requeijão e banana (9€); o arroz doce com gelado de canela e gelado de limão (9€); a alentejana sericaia com gelado de lima (9€); ou, entre outros, o parfait de mousse de chocolate, acompanhada de um toffee de avelã e pimenta-de-sichuan (9€).
No restaurante do qual se vista o Tejo e a Ponte 25 de Abril, além deste menu ao jantar, há também uma carta para provar ao longo do dia, com saladas, sandes, pregos e outros petiscos mais leves, além de um Menu Executivo, ao almoço dos dias úteis, com um preço fixo de 25 euros. Vale a pena ainda subir ao rooftop do hotel, com a reabertura recente do Icon, onde se provam novos cocktails de autor, vinhos, sangrias e espirituosas, com vista limpa sobre o rio.
A sericaia com ameixa de Elvas e gelado de lima.
Longitude : -8.2245