Entre Belém e Trafaria, há um novo museu a céu aberto feito de cortiça

(Fotografia: Grupo Amorim)
Oito instalações em cortiça, criadas por designers e arquitetos de renome, trazem nova vida à zona ribeirinha de Belém e Trafaria. Até novembro, o City Cortex mostra a versatilidade e o papel desta matéria-prima num futuro mais sustentável.

O Tejo já ligava as duas margens, nomeadamente através de travessia fluvial, mas a partir de agora, há outro denominador comum a estreitar a ligação entre Belém e Trafaria. Uma maior proximidade, que surge com a chegada do City Cortex, projeto que une arquitetos e designers nacionais e internacionais, e que se concretiza em oito instalações feitas todas em cortiça, e espalhadas por zonas públicas e/ou verdes destas duas frentes ribeirinhas.
Enfatizar o papel desta matéria-prima versátil na evolução e mudança das cidades, alimentando um futuro mais sustentável, é um dos pilares deste museu gratuito a céu aberto, contando com peças originais – com funções lúdicas e socioculturais – de Eduardo Souto de Moura, Elizabeth Diller, Dominic Leong, Gabriel Calatrava, Jessica Walsh, Stefan Sagmeister e Yves Béhar.

O City Cortex é produzido pela Corticeira Amorim, com apoio da Artworks, desenvolvimento da experimentadesign e curadoria de Guta Moura Guedes. “O City Cortex é um programa totalmente pensado e produzido em Portugal. Usa um dos materiais sustentáveis que mais caracteriza a nossa paisagem social, económica, ambiental e cultural – a cortiça – oferecendo aos cidadãos oito instalações desenhadas para melhorar o espaço público e coletivo”, explica Moura Guedes.

A inauguração foi feita na primeira semana de junho. (Fotografias: Grupo Amorim)

Eduardo Souta Moura, o único português entre os arquitetos e designers convidados, explica que tem usado cortiça, “com sucesso” desde o início da sua longa carreira. Ainda assim, o mesmo adianta que a peça que criou para o City Cortex “vai funcionar como um teste para vermos o seu comportamento, que já sabemos que é altamente resistente e isolante, contra o tempo e o uso”.

A ideia é que quem passeie por Lisboa ou por Almada descubra estas peças em cortiça a seu próprio ritmo e na sequência que preferir, podendo começar por qualquer lado do Tejo. As instalações ficarão expostas até ao final de novembro, à exceção da peça da Trafaria, que deverá ficar em definitivo junto ao terminal fluvial. Saiba mais aqui.

Algumas das peças expostas:

“Onda”, Gabriel Calatrava
É a única instalação presente na Trafaria, concelho de Almada, junto à estação fluvial. É da autoria de Gabriel Calatrava, fundador do Collaborative Architecture Laboratory, sediado em Nova Iorque. A instalação – batizada pela forma dada ao seu “teto” – veio trazer uma nova zona de convívio e descanso, com sombras, mesas e cadeiras – estas recicladas e reutilizadas depois de terem sido doadas pela comunidade local.

A instalação situada na Trafaria.

“Second Skin”, Diller Scofidio & Renfro
Esta peça do City Cortex apela diretamente à literatura e à partilha de livros, com autoria do estúdio de design Diller Scofidio + Renfro, que já soma quatro décadas. Trata-se de uma biblioteca comunitária ao ar livre, construída em cortiça em redor do tronco de três árvores, no Jardim da Biblioteca Municipal de Belém. Uma “segunda pele” para estas árvores, nas quais se pode depositar ou consultar livros. Ao lado de cada árvore, há um banco em cortiça fixado num tronco, para dar asas à leitura.

Uma obra que fomenta a leitura.

“Conversadeira II”, Souto de Moura
A instalação em cortiça feita pelo portuense Eduardo Souto de Moura está fixada no passeio ribeirinho entre o Museu da Eletricidade e o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia. É um assento público virado para o Tejo que quer fomentar o diálogo. Uma “cadeira dupla que proporciona uma conversa ou simplesmente a partilha de um silêncio a dois, num ambiente de calma e refúgio”, como é descrita a obra de arte na placa que a acompanha.

A criação de Souto de Moura.

“Port_All”, Yves Béhar
A instalação em cortiça está afixada nos jardins do Museu da Eletricidade, com panorâmicas sobre o Tejo e a Margem Sul. A autoria é do designer suíço Yves Béhar, que tem peças incluídas em coleções permanentes de museus de prestígio como o MoMA e o Centre Pompidou. Esta obra é inspirada na Torre de Belém e constitui “um portal em cortiça moldada, que acolhe e propõe um momento de transição, tranquilidade e reflexão na entrada da cidade”, como é descrita no local.

Port_All está situada nos jardins do Museu da Eletricidade.




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